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Identidade e empoderamento: o impacto de referências positivas

Após a visita ao Museu das Favelas e do papo com o fotógrafo Nego Júnior, Nicole conta como a experiência contribuiu para o processo de aceitação
Foto dos jovens reunidos em frente ao letreiro do Museu das Favelas com arte escrito "programas".

Ao longo da minha infância sempre tive dificuldade na aceitação de meus traços negróides, como cabelo encaracolado, pele escura e nariz largo.

O que eu escutava: Nariz bonito é nariz fino; cabelo bom é cabelo liso.”

Desde criança sentia falta de referências positivas, de pessoas igual à mim; minhas referências estavam limitadas à estética padrão de pessoas brancas em desenhos, bonecas, filmes etc. Crescer sendo uma criança negra foi uma eterna tentativa de me adequar (a busca infinita por uma padronização), com estereótipos impostos de uma estética que não era a minha.

Durante a visita ao Museu das Favelas, na região central de São Paulo, minha experiência ali contribuiu muito no processo de empoderamento e identidade. Me trouxe referências positivas, representatividade e ver que pessoas negras podem e devem ocupar seu lugar de direito em qualquer espaço, principalmente nas classes mais altas.

Na roda de conversa com o fotógrafo Nego Júnior (e criador da identidade visual do Museu das Favelas), tive a oportunidade de aumentar a conscientização sobre a existência e os efeitos do racismo, podendo discutir o tema abertamente com meus colegas. Compartilhei minha dificuldade de aceitação dos meus traços, sobre a falta de referências de pessoas iguais a mim.

Aos poucos, vejo protagonistas negras como Mc Soffia, a atriz Thaís Araújo, a escritora e cantora Esmeralda Ortiz, a cantora Any Gabrielly e tantos outros pretos e pretas que contribuem nesse processo de identidade e empoderamento.

Hoje, olho no espelho e me acho tão bonita com rosto delícia, com uma cor linda!

Nicole Souza de Araújo, 15 anos

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