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Grupo Emicida: a representatividade pelo olhar das crianças

A representatividade é uma condição fundamental para o desenvolvimento do protagonismo. E são as crianças que dizem como seus grupos vão se chamar!
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Escolher o nome do grupo é algo muito forte, principalmente um que tenha muita representatividade. Nossa intenção foi apresentar para as crianças pessoas que usam sua arte, sua escrita e seu dom como ferramenta para trazer o empoderamento para os jovens e crianças negras no Brasil.

O cantor Emicida e a escritora Kiusam de Oliveira são pessoas que me inspiram e que têm muito a ver com o nosso grupo. No começo era só “gostaríamos de apresentar duas pessoas importantes para vocês”, mas depois apresentamos essas duas pessoas com muito respeito ao trabalho delas. Destacamos no mural da sala curiosidades sobre a vida delas, lemos livros que foram escritos por elas e com temas voltados ao que gostaríamos que fosse abordados com as crianças.

Vê-las se reconhecendo, se sentindo representadas e valorizadas é o máximo e tudo isso aconteceu.

Trazer o Emicida para o nosso grupo foi especial, porque ele resgata a cultura e os movimentos negro no Brasil. É muito importante termos essa representatividade, principalmente de um homem negro periférico que tem uma história parecida com a de muitas crianças da nossa comunidade; que levantou e andou e nos incentiva todos os dias através da sua arte. A intenção é mostrar que elas são maiores e melhores do que a sociedade pensa.

A criança não pode ser rotulada simplesmente pelo lugar de onde vem ou pela cor da pele.

Após algumas semanas de apresentações para que pudessem, coletivamente, decidir o nome do grupo, chegou nossa tão sonhada semana de votação.

O dia da votação foi uma loucura! Senti a sala bem dividida: os meninos queriam sem sombra de dúvida o Emicida, as meninas quase todas Kiusam, um ou outro estava na dúvida. No canto da sala colocamos uma mesinha com caneta e papel, distribuímos para cada um escrever seu voto e deixamos escrito na lousa os nomes dos dois artistas para ficar mais fácil na hora da votação.

Foi um momento bem democrático. Na hora de fazer a contagem dos votos, a professora Mônica lia cada papel e eu fazia a soma dos pontos na lousa. Com as crianças acompanhando cada momento, foi muito divertido! Disputa acirrada, e o nome escolhido foi Emicida.

Lembro da Ylana falando que gostou, que escolheu o Emicida, porque gostaria de conhecer melhor sobre a vida e as músicas dele.

Nossa intenção é essa: trazer mais sobre o trabalho do nosso queridíssimo Emicida, mostrar para as crianças da comunidade a importância de valorizarmos esses trabalhos, que tanto contribuem para uma educação antirracista.  

Para divulgar o nome do grupo para as outras salas, convidamos todos os agrupamentos do nosso horário para assistir uma apresentação e escolhemos um trecho da música Sementes, do Emicida. As crianças Evelin, Maielly e Maria Helissa se sentiram à vontade para apresentar algumas curiosidades da Kiusam.

Já Heitor, Matheus e Pedro se sentiram à vontade para falar das curiosidades do Emicida. Depois todos do grupo cantaram. Foi muito bacana ver nossas crianças bem à vontade para este momento. Fico muito feliz com a escolha e vamos aprofundar cada vez mais no trabalho que foi realizado por esse gigante.

Pelo espaço do Pró, todo mundo encontra a exposição com as histórias sobre as escolhas dos nomes de cada grupo. Os educadores levaram diferentes referências de pessoas negras para que elas pudessem conhecer e decidir qual seria o nome que identificaria a turma.

Além do grupo Emicida, temos: grupo Dona Ivone Lara, grupo Lia de Itamaracá, grupo Samba, grupo Mc Soffia, grupo Malala, grupo Lupita Nyong’o e grupo Rainha da Ciranda.

Essa é a nossa forma de compreender os processos de construção de identidade coletiva.

“Você é o único representante do seu sonho na face da terra.”

Emicida

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