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Acesso à leitura ainda é desafio no Brasil. Como formar mais leitores?

Esse texto foi originalmente postado pelo Instituto Órizon, parceiro do Pró-Saber SP, e por conter um assunto tão importante e urgente, trouxemos para nosso blog.
Texto sobre o baixo acesso à leitura no Brasil

Você já deve ter ouvido falar que os brasileiros leem pouco. Mas sabe qual é exatamente nosso déficit de leitura em relação a outros países? Segundo a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro, Itaú Cultural e IBOPE Inteligência, com dados de 2019, o brasileiro tem uma média anual de 4,96 livros lidos por habitante. Desses, apenas 2,43 são lidos do começo ao fim. Os países em que as pessoas mais leem são Finlândia, com 14 livros por ano, o Canadá (14) e a Coréia do Sul (10).

O impacto dessa defasagem de leitura na aprendizagem é enorme. No PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que avalia estudantes entre 15 e 16 anos de 77 países, 50% dos brasileiros têm resultados nível 1 em leitura, na escala que vai de 1 a 5. A compreensão média do brasileiro é literal e tende a se restringir a frases curtas. A dificuldade de abstração provocada pela falta de leitura impacta inclusive os resultados em Matemática e Ciências.

Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores em 4 anos

De acordo com a pesquisa, o Brasil tinha, em 2019, 100 milhões de leitores, ou 52% da população. São considerados leitores aqueles que tinham lido pelo menos um livro, mesmo em parte, nos últimos três meses. São 4,6 milhões e menos de leitores do que o registrado na pesquisa anterior, de 2015. Houve queda no percentual de leitores das classes A e B e com Ensino Superior, que normalmente têm as maiores taxas de leitura. Também caiu os números de leitores na faixa dos 11 aos 17 anos, o que acende um sinal de alerta.

O alto preço dos livros no Brasil, que aumentou ainda mais nos últimos anos, e a falta de livrarias nas cidades, são sem dúvida fatores que dificultam o acesso à leitura de boa parte da população. Mas esse fator não explica sozinho os baixos índices de leitores em nosso país. Á pesquisa Retratos da Leitura no Brasil também apontou que a falta de tempo é o principal fator que os entrevistados citaram para não lerem. Com o dia a dia corrido entre trabalho, trânsito e cuidados com a casa e filhos, isso é compreensível. Mas os mesmos entrevistados afirmaram que, no seu tempo livre, preferem ver televisão, assistir a filmes e vídeos em casa, escutar música ou rádio e usar a internet, WhatsApp e redes sociais.

Ou seja, há muitos outros meios de diversão e entretenimento que competem com a leitura pelo tempo e atenção das pessoas. Embora esse conteúdos possam também ter valor educacional e cultural, muitas pesquisas mostram que a leitura de conteúdo em texto é insubstituível para desenvolver nossa capacidade cognitiva e intelectual, em especial para crianças e adolescentes. A faixa etária de 5 a 10 anos é a com maior percentual de leitores, mas esse número cai bastante conforme a faixa vai envelhecendo, e a maior queda nos últimos anos aconteceu nas faixas de 14 a 17 e 18 a 24 anos. Isso mostra que, na fase de alfabetização, as crianças gostam e querem ler, mas por algum motivo vão perdendo o hábito quando crescem. Será que isso também é culpa da concorrência com as telas?

Escola e professores fazem a diferença

A escola e os professores têm um papel essencial para manter esse interesse pela leitura vivo quando as crianças se tornam adolescentes e começam a ter outros interesses, além da pressão crescente para o vestibular e escolha da carreira.

Os professores em especial devem atuar como mediadores dessa relação entre os jovens e os livros, que na primeira infância recai principalmente sobre as famílias. Atualmente, temos também os influenciadores digitais que têm o foco do seu conteúdo em dicas e resenhas de livros, os chamados “booktubers”, que cada vez mais funcionam como mediadores para as crianças e adolescentes mergulharem no universo da leitura.

Foto: Wagner Klebson

Programas de leitura recebem doações de livros

Outro movimento muito importante para incentivar e estimular a leitura, em todas as faixas etárias, são os programas de leitura que recebem doações de livros e os destinos para pessoas de baixa renda. Hoje, dia 14 de fevereiro é celebrado o Dia Nacional da Doação de Livros. Que tal fazer aquela limpa na prateleira da sua casa, pegar aqueles livros que você não irá mais ler e estão só pegando pó, e destinar a um desses programas?

O Instituto Órizon acredita que a leitura é um dos principais meios para superarmos o déficit educacional no Brasil e formar novas gerações com maior capacidade de atuar nas profissões do futuro, sejam quais forem, e serem cidadãos capacitados a exercerem seus direitos e construírem um futuro melhor. Uma das organizações sociais que apoiamos, o Pró-Saber SP, tem o estímulo à leitura como um dos seus pilares, com uma metodologia incrível que une leitura e brincadeiras para despertar nas crianças o encantamento com o universo das letras.

Em apenas 4 anos, o Pró chegou a incrível marca de 100.000 livros emprestados pela sua biblioteca, além disso, buscando expandir a sua atuação, com o programa Pró Ler & Brincar nas Escolas, eles já impactaram mais 1.700 crianças de escolas públicas de região de Paraisópolis, em São Paulo, com atividades que unem rodas de leitura, contações de histórias e brincadeiras.

Assim a gente muda o mundo!

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