Desde as férias de julho de 2022, o Slam Pró Paraisópolis vem transformando a relação dos jovens de Paraisópolis com a literatura e a poesia. Daniele Castro, educadora e organizadora das batalhas, conta que a ideia surgiu em uma conversa com Lucy Maura, coordenadora da instituição, que propôs uma nova forma de atrair o público jovem que, até então, não frequentava a biblioteca. “Queríamos trazer outras vozes para o espaço”, afirma Daniele.
O Slam, uma batalha de poesia falada, logo se consolidou como um dos momentos mais aguardados pelos jovens. A proposta é simples, mas poderosa: cada poeta tem três minutos para se expressar, sem música, apenas com a força da palavra. “É um espaço onde os jovens se encontram, se fortalecem, compartilham suas escritas e escutam o que o outro tem a dizer”, ressalta Daniele, explicando que o Slam cria um espaço de aquilombamento, onde a juventude pode trocar experiências e se articular como um coletivo.
A biblioteca do Pró, sendo um ambiente democrático e multicultural, tornou-se o cenário perfeito para as batalhas de poesia. “A ideia é conectar a comunidade jovem ao espaço, oferecendo uma experiência literária única”, diz Daniele, que vê no Slam uma forma de ampliar horizontes. O público é diverso, abrangendo não só jovens de Paraisópolis, mas também de outras comunidades, além de professores e educadores.
Júlia Fernanda, vulgo JF, está no Pró há apenas um ano, mas já encontrou no Slam um espaço de transformação. “É o lugar onde me sinto bem, onde posso falar o que penso sem ser julgada”, diz ela, ressaltando a importância do Slam como um espaço de liberdade e expressão para jovens poetas. Para Júlia, o Slam oferece mais que um palco: “Nos faz sonhar em sermos escritores, poetas”.
Gabriel, vulgo Young G, outro participante ativo e apresentador do Slam, tem 22 anos e está no Pró desde 2018. Ele vê o Slam como um veículo de expressão da cultura negra e periférica. Vencedor de algumas edições, Gabriel aceitou o desafio de apresentar as batalhas. Para ele, a poesia é uma ferramenta de cura e reflexão. “A poesia salva e liberta. Não há dinheiro que pague a reflexão que você tem quando ouve uma poesia que toca a alma”, afirma.
O futuro do Slam Pró Paraisópolis é promissor. Daniele sonha que o projeto ganhe ainda mais corpo, saindo da biblioteca para ocupar as ruas, as escolas e as competições de São Paulo. O desejo é que os jovens poetas possam viver de sua arte e que o Slam continue a ser um disparador de sonhos e experiências transformadoras.
Com oito jovens poetas fixos, o grupo já se articula para levar suas criações a campeonatos maiores e fortalecer a presença do Slam nas escolas públicas de Paraisópolis. “Queremos que o Slam continue crescendo e que ao menos um poeta do Pró chegue ao estadual de Slam”, diz Gabriel, compartilhando a visão de um futuro em que a poesia se torne uma profissão e um estilo de vida para muitos jovens da comunidade.
No Pró-Saber SP, a poesia falada do Slam não é apenas um meio de expressão artística, mas um movimento que fortalece laços, impulsiona sonhos e reconfigura realidades.