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Diversidade: desafios no Brasil

Em uma trinca de textos, proponho uma reflexão sobre o tema, buscando fazer um paralelo com o momento atual das empresas.
Diversidade Desafios no Brasil

Ao ser convidada para escrever aqui, pensei em falar sobre diversidade, um assunto que sempre me interessei, considerando minha história de vida, trajetória profissional e hoje como atuo por meio do meu trabalho para, de alguma forma, ajudar a mudar essa realidade e prol de um Brasil mais justo e inclusivo, mas seria muito difícil propor uma reflexão em apenas um texto. Dessa forma, escrevi uma série de 3 textos que serão postados a cada 15 dias aqui no blog.

Quando falamos em diversidade, falamos de um tema que lança raízes na própria riqueza ambiental e cultural brasileira, em valores éticos fundados na busca da igualdade e da justiça. O Brasil é um país novo, que apresenta uma história recente, quando comparado a outras nações, como a europeia. Há apenas 522 anos iniciaram-se os contatos do povo nativo com os portugueses, que vieram à procura de riquezas e da expansão de seu império. A partir desse encontro iniciou-se a formação da população brasileira, tal qual conhecemos hoje. Logo na sequência desses primeiros contatos vieram os milhares de trabalhadores africanos, seguidos dos milhares de imigrantes europeus e asiáticos, que empregados de forma escrava ou com base em grande exploração, foram a fundamental mão de obra na construção desse novo país e também, no desenvolvimento de seu povo.

Com isso, a história do país foi marcada, por um lado, por uma grande miscigenação, gerada a partir dos muitos casamentos inter-raciais, e presente na valorização da cultura e hábitos africanos, europeus e asiáticos; e, por outro lado, por uma histórica desigualdade de condições e oportunidades, para as classes menos favorecidas. Segundo Fleury (2000),

Assim, uma sociedade contraditória foi emergindo. Os brasileiros valorizam sua origem diversificada incluindo as raízes africanas, presentes na música, na alimentação, no sincretismo religioso; gostam de se imaginar como uma sociedade sem preconceitos de raça ou cor. Mas, por outro lado, é uma sociedade estratificada, em que o acesso às oportunidades educacionais e às posições de prestígio no mercado de trabalho é definido pelas origens econômica e racial (Fleury, 2000 pp. 19).

Apesar do tamanho desafio da sociedade brasileira em combater a desigualdade social e subjetiva, nota-se que o tema da Diversidade, que potencialmente permite um diálogo aberto sobre os preconceitos presentes na sociedade, de forma a possibilitar a superação destes, é uma discussão muito recente no país. Observa-se que, apenas a partir da década de 1990, com o movimento afirmativo de direitos, no bojo da promulgação da Constituição Federal de 1988, iniciam-se as primeiras discussões e formulações políticas sobre o tema.

Em 1997, o Ministério da Educação (MEC) dá um grande passo no sentido de fomentar a discussão sobre o tema, ao incluir a pluralidade cultural como um parâmetro curricular obrigatório no Ensino Fundamental do país. Com isso, o tema passa a, obrigatoriamente, fazer parte da formação da população. Segundo o MEC,

A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal (Brasil, 1997, pp.19).

Outro movimento importante, na tratativa dessa questão no país, foi a criação em 2004, por intermédio do Ministério da Cultura, da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID), com o objetivo de promover e proteger a diversidade das expressões culturais.

Tais ações estão em consonância com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que estabeleceu, em 2001, a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, de forma a proteger e promover a Diversidade nas suas múltiplas expressões. Tal convenção foi promulgada no Brasil em 2007. 

Assim, percebe-se que a Diversidade é um tema importante e urgente tanto na agenda da sociedade brasileira, como na da sociedade mundial. Como consequência dessa constatação, percebe-se que tal discussão vem impactando cada vez mais as empresas, que progressivamente vêm direcionando esforços para absorver e obter benefícios da Diversidade nas suas ações.

Mas isso fica para o próximo texto. 

Até lá.

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