A adolescência é uma fase de intensas transformações, onde as escolhas profissionais começam a surgir como uma das maiores pressões sociais. Com tantas mudanças cognitivas, biológicas e sociais, como alguém pode fazer uma escolha definitiva aos 15, 16 ou 17 anos? Na área de conhecimento do Mundo do Trabalho, propomos uma reflexão crítica sobre essas escolhas, não como um ponto final, mas como o próximo passo no caminho que os jovens trilham. Sabemos que as escolhas profissionais não são fixas e imutáveis; pelo contrário, elas se adaptam à medida que nos desenvolvemos e descobrimos novos interesses.
Dentro dessa construção contínua do Projeto de Vida Profissional, os Diálogos Culturais se destacam como uma oportunidade fundamental para aproximar os jovens da realidade do mundo do trabalho. Nos dois últimos encontros, tivemos a presença de profissionais de áreas variadas, como, Ângela Bueno, coordenadora de projetos do Pró, Julia Pires, influenciadora digital, Glória Maria, jornalista e analista de comunicação do Pró, Mara Almeida, educadora do Pró Ler & Brincar, Maria Marina, enfermeira, Bruno Tavares, coordenador de comunicação do Pró, e Roselene Barbosa, tradutora de libras, que compartilharam suas trajetórias com os adolescentes, oferecendo relatos autênticos e revelando que as dúvidas, inseguranças e conflitos que enfrentaram são parte natural do processo.
O grande valor desses diálogos reside na possibilidade dos jovens enxergarem a diversidade de caminhos e de perceberem que suas escolhas iniciais não precisam ser definitivas. Eles aprenderam que construir uma carreira envolve muito mais do que uma decisão única e acertada — é um processo contínuo de tentativa, erro, ajustes e recomeços.
“Foi um dia de muita troca, onde pude quanto profissional parar e olhar minha trajetória, me reconhecer e ser grata a esse percurso. Para os jovens foi um momento de entender que sonhamos sim, e que nem sempre os sonhos são realizados por completo, mas em sua maioria a vida vai fazendo acontecer, não como um sonho perfeito, mas como uma vida real, onde passamos por desafios e dúvidas, e no final temos muitas conquistas e aprendizados. É uma conversa muito mais de empoderamento e realidade, para mostrar que está tudo bem ter tantos conflitos.” — Ângela, coordenadora de projetos do Pró.
Em uma das conversas, Bruno, falou sobre como suas primeiras escolhas de vestibular e mesmo as profissionais estavam longe do que ele faz hoje, e como suas experiências e redes de apoio o ajudaram a redefinir sua trajetória várias vezes. Já Mara, por sua vez, compartilhou como a criatividade foi sua aliada em um momento complexo de sua vida, em plena pandemia.
Ao se depararem com essas histórias, os jovens puderam ver que os desafios que enfrentam agora não são definitivos, mas partes do aprendizado. A escuta atenta e o contato com essas experiências proporcionaram reflexões valiosas sobre os diferentes modos de encarar as incertezas e ansiedades que cercam as decisões profissionais.
“Estar em um espaço com os jovens do Pró, compartilhando minha trajetória profissional, foi muito gratificante. Sou uma jovem que cresceu em projetos sociais como o Pró, e foi graças a iniciativas como essa que me desenvolvi. Compartilhar essa experiência com outros jovens ajuda a fortalecer a comunidade e a incentivá-los.” — Glória Maria, jornalista e analista de comunicação no Pró.
Esses diálogos revelaram que o medo da escolha “certa” não deve impedir os jovens de seguirem em frente. Ao contrário, eles são encorajados a abraçar as incertezas e a enxergar cada nova experiência como uma oportunidade de crescimento.